quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A extinção dos bons programas de TV

A televisão brasileira, desde seu surgimento, vem sofrendo muitas transformações em relação ao conteúdo nela veiculado.
A TV Cultura, umas das emissoras mais conhecidas do país, está passando por grandes dificuldades nessas últimas semanas.
O jornalista Paulo Markun, que assumiu o cargo de presidente da Fundação Padre Anchieta de junho/2007 a junho/2010, deixou a presidência que, passou a ser ocupada pelo economista João Sayad em 14/junho/2010.
Desde então, algumas supostas mudanças foram surgindo na mídia. A história começou com a demissão em massa dos funcionários - de 1.800 funcionários, este número seria reduzido para 400 -, depois disso, novas entrevistas foram dadas pelo então presidente à imprensa.
Daniel Castro, em seu blog, publicou várias matérias sobre o assunto e, uma delas diz que, segundo Sayad, a TV Cultura tornou-se cara e ineficiente.
O que nos faz crer que ele quer audiência, lucro, somente isso. A confirmação a respeito da intenção em vender o patrimônio da TV Cultura foi esclarecida nesta frase: "Isso é uma implicância minha. Eu acho que, numa reformulação, quando a TV for mais ágil e mais moderna, quando nos tornarmos compradores de conteúdo, pode perfeitamente prescindir de um espaço tão grande. Mas não tem nada certo. O terreno lá tem 30 mil metros quadrados de área, com uns 8 mil metros de área construída. Isso é um modelo da TV dos anos 60, que hoje pode ser menor e mais eficiente. Mas é um projeto a longo prazo".
É... Ele quer vender e lucrar, é a única coisa que transparece.
Acontece que, a proposta da TV Cultura nunca foi a "briga pela audiência", a única preocupação dela é produzir programas de qualidade, uma programação bem elaborada para o público brasileiro, o que está quase extinto da televisão brasileira.

Fiquei chocada com as notícias que saíram hoje em vários sites e jornais do país. Eu sou estagiária de produção do "Manos e Minas", que foi um dos programas tirados da grade da emissora, assim como o Login, o Vitrine (que passará por reformulações) e o Jornal da Cultura.
O "Manos e Minas" é o único programa de Hip Hop da televisão brasileira. Quando a notícia ganhou força e se espalhou, a maioria do público se revoltou e fez um protesto através do Twitter. O movimento foi tão intenso que começou nos Trending Topics de São Paulo e, pouco tempo depois, ganhou espaço nos TT's BR com a tag #salveomanoseminas e #salveatvcultura.
Um programa que mostra a realidade na periferia, dá espaço às pessoas que se sentem excluídas da sociedade por estarem "esquecidas" por um país inteiro, traz cultura e conhecimento às pessoas que mais precisam, não merece simplesmente deixar de ser veiculado. Tanto isso é verdade que, o público, indignado, se juntou e está lutando com todas as armas possíveis para a volta do programa. Será que vai adiantar? Fica a dúvida.

Cada dia que passa, uma nova "bomba" é lançada, fiquemos preparados para as próximas...



2 comentários:

  1. nossa, se serve de consolo Caks, eu to mal.

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  2. Nossa não tava sabendo dessa!!! A TV Cultura é uma das poucas que tem um conteúdo mais bem elaborado e referência em programas educativos e infantis. Mas como em todo pais capitalista tudo é dinheiro, business. Se não lucra, cai fora. Fora que a verba que a TV Cultura recebe anualmente do governo é muito baixa para mante-la. Tanto é que agora a TV está veiculando chamadas para os telespectadores ajudarem a mante-la, dificilmente só com essas doações a TV vai se manter, ainda se estivessemos em Londres, onde existe um imposto normal para a população que é revertida em produção televisiva de conteúdo... mas isso nunca funcionaria no Brasil.... :(

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